O Arcano do 4 de Ouros invertido é um dos mais 'tristes', por assim dizer, do Tarot.
Ele retrata o que podemos nos tornar, ao nos apegarmos demais à terra, ao dinheiro, poder e até mesmo à nossa imagem física.
Muitos hipocondríacos aparecem neste Arcano invertido, obcecados pelo seu corpo e em não morrer. Mas o mais comum mesmo são pessoas com problemas músculo-esqueléticos devido à rigidez: artrose, artrite, problemas na coluna, etc. E, claro, um padrão psicológico de hiper controle, além de desvios de caráter como mesquinharia e avareza... e até de desumanidade. No limite, este Arcano invertido pode levar à total selvageria.
Personagem do Arquétipo: Sméagol-Gollum
A figura que escolho para entender melhor esse arquétipo invertido não poderia ser outra além da personagem mais famosa da saga do Senhor dos Anéis: Sméagol ou Gollum. Aliás, impossível não associar, por causa desta personagem, o anel à frase "my precious" ao anel, não?
A transformação de Sméagol em Gollum:
Segundo os livros da saga, Sméagol era apenas um inofensivo hobbit até que, num dia, numa pescaria (num dos seus aniversários!) com seu primo, encontrou o tão famoso anel. Na intenção de tê-lo só para si, Sméagol mata seu primo e oculta seu corpo.
O anel, que possuía vontade própria, vai corrompendo-o. Em seguida, usando os poderes do anel, como a invisibilidade, comete vários abusos com sua família, que passa a desprezá-lo. Somado ao fato do som gutural horrível que faz, é finalmente expulso e passa a viver nas cavernas, detestando o sol.
As transformações físicas e psicológicas começam a se fazer mais fortes. Sua pele vai se tornando cinza (sem vitalidade), seus cabelos caem, seus olhos saltam e seus membros ficam desproporcionais. Agora, Gollum, como passa a se chamar, fala consigo (ou é o anel que fala?) na terceira pessoa e no plural.
O que é o Um Anel - ou Anel de Sauron
Muitos podem dizer que o anel representa, na história, o mal. Porém, ele significa o próprio poder. Mas um poder que está sempre de acordo com a moral e psique de quem o usa.
Se a pessoa tem uma moral mais forte, o controle do anel se dará até distorcer sua personalidade e corpo. Se sua índole for fraca, porém, será um poder que corromperá até levar a cometer crimes, como aconteceu com Sméagol.
Quer dizer, por mais que o 'poder' tenha vontade própria pois estará a serviço de um sistema maior, ele se manifesta segundo a alma de quem o possui (ou é possuído por ele).
Este Arcano invertido retrata, nas figuras de Sméagol a Gollum, o estado que podemos nos tornar quando nos tornamos obsessivos pelo poder.
No padrão Sméagol, somos servos do poder. Escravos medrosos, covardes e vítimas dos nossos desejos mundanos. Corrompidos pelas ilusões de controle e mando sobre os outros, ficamos tão iludidos com nosso 'pequeno poder' e conquistas, que facilmente nos submetemos a qualquer sistema vigente de poder (capitalismo?) para cada vez acumular mais.
Muito tempo neste estágio, não permitimos o uso dos recursos que acumulamos em outros fins que não sejam em gerar ainda mais riqueza ao próprio sistema. Nos enrijecemos. Vamos nos tornando mais e mais escravos ou escravocratas.
Nosso corpo passa a manifestar este estado, revelando rigidez. Os olhos saltam (olho gordo?), como que querendo sempre mais. Nos confinamos em paredes fechadas, no mundo cinzento corporativo. Já não vemos ou usufruímos mais da natureza. Vamos nos dessensibilizando. Entramos em paranoia, como quem está sempre desconfiado que alguém quer roubar seu 'precioso' dinheirinho - ou seu cargo. Nossa garganta reflete o quanto traímos nossa verdade. Falamos não mais como nós mesmos, na nossa vontade, mas como NÓS- isso lhe soa familiar, corporativo? É porque é mesmo!
Mas há um limite que nos separa de um Sméagol, escravo do poder, de um Góllum, criatura maligna.
No 4 de Ouros Invertido, já somos Sméagols. Mas podemos chegar ainda a Gollums. O que separa um e outro é a nossa moral.
Quantos não estão dispostos a matar, roubar, trair, para chegar ao poder? Este é literalmente o 'fim' que pode levar o 4 de Ouros, no seu último estágio, ultrapassando a barreira da humanidade e do certo e errado.
Neste estágio já estamos não apenas corrompidos pelo poder, mas dilacerados pela culpa de tudo que fizemos para mantermo-nos neste poder. Ou mesmo no estado de raiva, caso tenhamos perdido o poder que um dia tivemos. Desassociar-se de si mesmo e falar de si na terceira pessoa pode ser até mesmo um mecanismo de proteção do ego. Viramos uma não-pessoa. Não somos mais humanos. Somos monstros.
Moral da história: melhor não ficar muito neste arcano invertido, não?
De Sméagol a Gollum no 4 de Ouros invertido
Este Arcano invertido retrata, nas figuras de Sméagol a Gollum, o estado que podemos nos tornar quando nos tornamos obsessivos pelo poder.
No padrão Sméagol, somos servos do poder. Escravos medrosos, covardes e vítimas dos nossos desejos mundanos. Corrompidos pelas ilusões de controle e mando sobre os outros, ficamos tão iludidos com nosso 'pequeno poder' e conquistas, que facilmente nos submetemos a qualquer sistema vigente de poder (capitalismo?) para cada vez acumular mais.
Muito tempo neste estágio, não permitimos o uso dos recursos que acumulamos em outros fins que não sejam em gerar ainda mais riqueza ao próprio sistema. Nos enrijecemos. Vamos nos tornando mais e mais escravos ou escravocratas.
Nosso corpo passa a manifestar este estado, revelando rigidez. Os olhos saltam (olho gordo?), como que querendo sempre mais. Nos confinamos em paredes fechadas, no mundo cinzento corporativo. Já não vemos ou usufruímos mais da natureza. Vamos nos dessensibilizando. Entramos em paranoia, como quem está sempre desconfiado que alguém quer roubar seu 'precioso' dinheirinho - ou seu cargo. Nossa garganta reflete o quanto traímos nossa verdade. Falamos não mais como nós mesmos, na nossa vontade, mas como NÓS- isso lhe soa familiar, corporativo? É porque é mesmo!
Mas há um limite que nos separa de um Sméagol, escravo do poder, de um Góllum, criatura maligna.
No 4 de Ouros Invertido, já somos Sméagols. Mas podemos chegar ainda a Gollums. O que separa um e outro é a nossa moral.
Quantos não estão dispostos a matar, roubar, trair, para chegar ao poder? Este é literalmente o 'fim' que pode levar o 4 de Ouros, no seu último estágio, ultrapassando a barreira da humanidade e do certo e errado.
Neste estágio já estamos não apenas corrompidos pelo poder, mas dilacerados pela culpa de tudo que fizemos para mantermo-nos neste poder. Ou mesmo no estado de raiva, caso tenhamos perdido o poder que um dia tivemos. Desassociar-se de si mesmo e falar de si na terceira pessoa pode ser até mesmo um mecanismo de proteção do ego. Viramos uma não-pessoa. Não somos mais humanos. Somos monstros.
Moral da história: melhor não ficar muito neste arcano invertido, não?